quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

linha muro fronteira ( LMF )

A linha imaginária e labirintica da cultura e as paredes que protegem e abrigam são a actualidade e a materialização de um traçado com um fim em si mesmo. Sobre estes muros projectam-se conflitos e histórias de avanços e recuos que contrariam os humanitários utópicos.

Nas fronteiras como na corda que unia as duas torres quando o equilibrista Philipe Petit a atravessou com uma vara na mão em Agosto de 1974, sopra um vento fraco. Em 2007 ainda sopram os ventos fortes do “ 9 - 11 ”. A actualidade é ainda fria e dissimulada. P. Starck em “ Why Design ?” anuncia nas TED Talks ( 2 ) deste ano uma década terrível para as actividades relacionadas directa ou indirectamente com a arte. O “ luxus time “ dos anos 80 já não existe, vivemos agora uma época de barbarie. “ That means, when barbaria is back, forget the beautiful chairs, forget the beautiful hotel, forget design,even, I’m sorry to say, forget art. “. A política, a economia e a radicalização dos temas sociais dominam a actualidade. ( ... )
Neste contexto, a arte e a arquitectura concretizam o discurso da actualidade, recuperam a radicalidade dos anos 60 e dos revolucionários anos 70. A ocupação de casas ou prédios desabitados, normalmente situados no centro mais antigo das cidades, tornou-se uma prática cultural nos últimos anos. A construção da cidade genérica, hiper-real e hiper-inflacionada pelo pato bravo pós moderno, remete o caracter social da arquitectura e da arte ( em espaços públicos ) para o interior de estruturas abandonadas e departamentos universitários.
É esta a erva que cresce sobre a linha de fronteira (3) definida pelo Maio de 68 e pelo Abril de 1974. Reescreve-se, sob a forma de palimpsesto, o cadastro da actualidade. Estas linhas que definem, ainda definem, o dentro e o fora, um nós e uns outros, assumem várias formas. Físicas, politicas, culturais ou espirituais criam um espaço interior deliberadamente diferenciado do exterior. O mundo, em permanente movimento é, actualmente, um mar agitado.
Esta proposta “ Linha / Muro / Fronteira “ é um processo. É um processo de edificação sob a forma de um muro de separação. Como todos, este também delimita. E também impossibilita. O possível, tal como para Wim Wenders, joga-se em torno da fronteira onde a certeza da interrupção é também a garantia da existência de algo para além desta linha.

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